Colaboração: o incentivo certo
pode fazer a diferença em nossas vidas.
Dar um novo
rumo à vida, fazer aquilo que sempre quis, dedicar alguns momentos do dia para
o que lhe agrada, pode parecer algo distante demais da realidade, mas é tão
simples quanto acordar a cada novo dia.
Em 2013, fui
incentivado por Denilson Reis, um dos organizadores do evento, a conferir o
Mutação, no dia 02 de novembro, na 59ª Feira do Livro de Porto Alegre. Depois
de ter passado uma fase muito ruim na vida pessoal e ficar com depressão por um
período extenso demais para qualquer pessoa, decidi ir ao evento e levei um
bloco de desenho simples, que levava na mochila só de vez em quando, para
registrar alguma ideia ou algum personagem interessante da vida real. Hoje levo
o bloco de desenho sempre na mochila (rsrsrs).
Chegando lá procurei uma cadeira distante de
todo mundo, porque havia acabado de sair da caverna (rsrsrs) e não me sinto bem
no meio de multidões (rsrsrs), apesar de ter um número relativamente pequeno de
pessoas quando cheguei.
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Hiron Cardoso Goidanich - Goida |
Puxei meu
bloco de desenho e, enquanto ouvia as palestras de caras como Daniel HDR,
Goida (Hiron Cardoso Goidanich - Enciclopédia dos Quadrinhos), Fraga (ilustrador do jornal ZH) Marko Ajdaric, Henry Jaepelt, Law Tissot (criador da Fanzinoteca em Rio Grande/RS, Fábio Neves, Maria Jaepelt, Gelson
Weschenfelder, Márcio SNO, Patrícia Duarte, Fabio Barbosa (Reboco Caído),
Matias Streb, Jader Corrêa, Marcel de Souza, Vagner Abreu, Romir Rodrigues, Marcos
Freitas, Gervásio Santana, Jerônimo Fagundes, Aline Ebert (Relicário de
Palavras), Sandro Andrade, entre outros, comecei a desenhar aquelas figuras e
depois pedi a cada um que escrevesse algo como um autógrafo.
O daniel HDR até
desenhou um Batman enquanto conversava com uma moça. Lembro que não consegui
desenhar todos no momento, mas ao chegar em casa desenhei outros com
referências em fotos, e depois de mostrar para o Denilson ele me enviou fotos
para desenhar outras pessoas, o que eu fiz em alguns meses (rsrs). Com esses
desenhos consegui me aproximar mais dessa gente boa, que me mostrou que eu não
estou sozinho na minha maneira de pensar em relação ao desenho e a criação de
histórias, uma visão mais artística do mundo. Enviei os desenhos digitalmente
para os desenhados, que gostaram (ainda bem rsrs) e me incentivaram a desenhar
ainda mais.
Nos anos 80, enquanto esses caras vivam essa realidade e construiam toda essa rede real de amizades, trocando fanzines e fitas K7 de bandas de rock alternativo, eu estava trancado em casa tentando desenhar ou desmontando algum rádio de pilha, coisas que outras crianças da época não entendiam, pois preferiam arrancar o dedão do pé jogando futebol na rua de terra em Alvorada/RS.
A partir de 1995, quando comecei a tocar em bandas de punk rock sempre aparecia alguém com um fanzine, mas eu não entendia o significado daquela publicação impressa em xerox e que falava sobre protesto e rock. Depois, toquei em outras bandas: de Beatles, reggae e surf music, hardcore, nativismo gaúcho, pop rock, sem preconceito, mas não tive contato com o mundo do fanzine.
Desde o 8º
Mutação, de 2013, eu passei a me dedicar quase que diariamente ao desenho,
apesar de não conseguir tempo para desenhar todos os dias, como eu gostaria.
Desde então, passei a trabalhar mais com ilustrações e caricaturas.
No ano de
2014, nos dias 15 e 16 de novembro, durante o 9º Mutação na 60ª Feira do Livro
de Porto Alegre, pude rever aqueles caras e conhecer outras pessoas ligadas ao
desenho e quadrinhos. Depois de cumprimentar os amigos, como no ano anterior,
procurei uma cadeira para sentar e assistir as palestras, puxei meu bloco de
desenho, mas o Denilson foi no palco e cochichou algo no ouvido do Gazy Andraus
que era o mediador da palestra sobre fanzines. Eu estava me preparando para
desenhar um cabeludo, barbudo, um sujeito peculiar que estava no palco e que
depois eu viria a saber que é o Douglas Utescher (SP) – editor do Ugra Press,
quando ouço o Gazy chamar meu nome!!! Eu olhei desconfiado e o cara disse: é tu
mesmo ai, vem pra cá. Bah! Logo eu que acabei de sair da caverna, chamado pro
meio da multidão! Bom eu fui lá, na maior cara-de-pau, e só pude agradecer àqueles
caras que me incentivaram a continuar desenhando.
Me senti
motivado a criar meu primeiro zine: ZinAdão – Cidade do Sono, o qual eu fiz
questão de lançar ali no 9º Mutação. Entreguei em mãos os exemplares do zine
aos caras, em especial ao Henry Jaepelt (SC), que com uma humildade ímpar
contribuiu com um quadrinho de duas páginas chamado Sono, o que me deixou ainda
mais empolgado em lançar este zine, e ao Denilson Reis (RS) que escreveu um
texto sobre esta motivação e que permitiu que eu fizesse uma ilustração do seu
personagem Peryc. O original desta ilustração eu entreguei a ele no evento,
pois pertence mais a ele do que a mim mesmo. E depois enviei alguns exemplares
para outros fanzineiros de outros estados como o Juvêncio Veloso (Lady Garça -
SP)e Valdir Ramos (Fatherzine - SP) e Márcio SNO (SP) procure o documentário
Fanzineiros do Século Passado, em três partes, criado pele Márcio.
A palavra que
me conquistou nesse tempo todo é: Colaboração. Acho que isso é o que dá sentido
a publicação independente. Trocar ideias e informações com outras pessoas que gostam
e se interessam pelo mesmo tipo de arte, seja o desenho, a literatura, música,
poesia, etc.
Essa
colaboração me atingiu durante o evento Mutação de 2013 recebi o convite do Marcos Freitas – editor do
Quadritos (RS) – para desenhar um quadrinho. Depois do evento o Denilson
e o
Alex Doeppre – editores do Quadrante Sul Comics (RS) – também me
convidaram
para desenhar um quadrinho. E ainda fiz algumas ilustrações para os
fanzines do Denilson, como o Floydzine (Pink Floyd) onde fiz uma mini HQ
só com desenhos sobre o disco The Wall; Mosaico (zine do evento
Mutação), Multiverso (com temas como Walking Dead para o qual fiz uma
caricatura do personagem principal estourando os miolos de um zumbi;
Mangá onde desenhei o lobo solitário, e para Super-Heróis fiz com
cosplay da Turma da Mônica vestida de X-Man e chamei de X-MÔNica), você pode entrar em contato com ele para adquirir estes zines no
TchêZine.
Nessa 60ª Feira do Livro também participei de dois concursos, nos quais passei com com duas poesias, o que me deixou muito feliz: Poemas no Ônibus e no Trem, que além do livro estará nos veículos rodando a cidade; e o livro Histórias de Trabalho, onde participo com um tautograma (veja o que é
aqui).
Hoje sigo desenhando e fazendo parcerias com outros roteiristas, além de estar pensando no ZinAdão número 2 e criando outras HQs e poesias para concursos.
Adão de Lima Jr
07/12/2014
ZinAdão
Tamanho A5, 12 páginas, PB.
Para adquirir o ZinAdão - Cidade do Sono