sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Conversando com Moebius sobre vinhos.

A noite passada tive um sonho muito estranaho. Estava à margem do rio Sena, na França e conversava com Moebius, o ilustrador francês Jean Giraud, que me dizia, com aquele sotaque singular:

– Você tem que provar o Ge di pardiê! (escrevo aqui com o som das palavras, sem me preocupar com a grafia correta, até porque não sei falar/escrever em francês)

Disse, antes de mais nada, que não me atreveria tentar falar em francês por saber que os franceses odeiam que pronunciem mal sua língua (ele riu). Mas perguntei então a ele:

– Qual a diferença entre o "Ve Di Pardiê" e o "Ge Di Pardiê"?

Ao que ele respondeu:
– O Tablétte! A diferença é o Tablétte que derrete.

Depois de acordar, lembrar desse precioso sonho e fazer uma rápida pesquisa na internet, me pergunto se Moebius se referia aos vinhos do ator Gèrard Depardieu que declarou beber até 14 garrafas de vinho ao se aborrecer e que, em 1989, adquiriu o Château de Tigne, com cerca de 25 mil hectares de terreno vinícola e já lançou muitos vinhos.

Deixo claro que não bebi nenhuma taça de vinho nos últimos meses.

No máximo, o sonho pode ter algo a ver com a discografia do Pink Floyd que eu ouvi a noite toda até acordar. (rsrs)

Adão de Lima Jr
12/12/2014

domingo, 7 de dezembro de 2014

O Elogio é o refém da Malícia

Metáfora:

"Enquanto somos verdes, a malícia usa o elogio como máscara.
Quando somos maduros, o elogio se torna refém da malícia."

Adão de Lima Jr

Colaboração: o incentivo certo pode fazer a diferença em nossas vidas. ZinAdão 01 Cidade do Sono



Colaboração: o incentivo certo pode fazer a diferença em nossas vidas.

Dar um novo rumo à vida, fazer aquilo que sempre quis, dedicar alguns momentos do dia para o que lhe agrada, pode parecer algo distante demais da realidade, mas é tão simples quanto acordar a cada novo dia.

Em 2013, fui incentivado por Denilson Reis, um dos organizadores do evento, a conferir o Mutação, no dia 02 de novembro, na 59ª Feira do Livro de Porto Alegre. Depois de ter passado uma fase muito ruim na vida pessoal e ficar com depressão por um período extenso demais para qualquer pessoa, decidi ir ao evento e levei um bloco de desenho simples, que levava na mochila só de vez em quando, para registrar alguma ideia ou algum personagem interessante da vida real. Hoje levo o bloco de desenho sempre na mochila (rsrsrs).  Chegando lá procurei uma cadeira distante de todo mundo, porque havia acabado de sair da caverna (rsrsrs) e não me sinto bem no meio de multidões (rsrsrs), apesar de ter um número relativamente pequeno de pessoas quando cheguei.



Hiron Cardoso Goidanich - Goida
Puxei meu bloco de desenho e, enquanto ouvia as palestras de caras como Daniel HDR, Goida (Hiron Cardoso Goidanich - Enciclopédia dos Quadrinhos), Fraga (ilustrador do jornal ZH) Marko Ajdaric, Henry Jaepelt, Law Tissot (criador da Fanzinoteca em Rio Grande/RS, Fábio Neves, Maria Jaepelt, Gelson Weschenfelder, Márcio SNO, Patrícia Duarte, Fabio Barbosa (Reboco Caído), Matias Streb, Jader Corrêa, Marcel de Souza, Vagner Abreu, Romir Rodrigues, Marcos Freitas, Gervásio Santana, Jerônimo Fagundes, Aline Ebert (Relicário de Palavras), Sandro Andrade, entre outros, comecei a desenhar aquelas figuras e depois pedi a cada um que escrevesse algo como um autógrafo.

O daniel HDR até desenhou um Batman enquanto conversava com uma moça. Lembro que não consegui desenhar todos no momento, mas ao chegar em casa desenhei outros com referências em fotos, e depois de mostrar para o Denilson ele me enviou fotos para desenhar outras pessoas, o que eu fiz em alguns meses (rsrs). Com esses desenhos consegui me aproximar mais dessa gente boa, que me mostrou que eu não estou sozinho na minha maneira de pensar em relação ao desenho e a criação de histórias, uma visão mais artística do mundo. Enviei os desenhos digitalmente para os desenhados, que gostaram (ainda bem rsrs) e me incentivaram a desenhar ainda mais. 

Nos anos 80, enquanto esses caras vivam essa realidade e construiam toda essa rede real de amizades, trocando fanzines e fitas K7 de bandas de rock alternativo, eu estava trancado em casa tentando desenhar ou desmontando algum rádio de pilha, coisas que outras crianças da época não entendiam, pois preferiam arrancar o dedão do pé jogando futebol na rua de terra em Alvorada/RS.

A partir de 1995, quando comecei a tocar em bandas de punk rock sempre aparecia alguém com um fanzine, mas eu não entendia o significado daquela publicação impressa em xerox e que falava sobre protesto e rock. Depois, toquei em outras bandas: de Beatles, reggae e surf music, hardcore, nativismo gaúcho, pop rock, sem preconceito, mas não tive contato com o mundo do fanzine.

Desde o 8º Mutação, de 2013, eu passei a me dedicar quase que diariamente ao desenho, apesar de não conseguir tempo para desenhar todos os dias, como eu gostaria. Desde então, passei a trabalhar mais com ilustrações e caricaturas. 


No ano de 2014, nos dias 15 e 16 de novembro, durante o 9º Mutação na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre, pude rever aqueles caras e conhecer outras pessoas ligadas ao desenho e quadrinhos. Depois de cumprimentar os amigos, como no ano anterior, procurei uma cadeira para sentar e assistir as palestras, puxei meu bloco de desenho, mas o Denilson foi no palco e cochichou algo no ouvido do Gazy Andraus que era o mediador da palestra sobre fanzines. Eu estava me preparando para desenhar um cabeludo, barbudo, um sujeito peculiar que estava no palco e que depois eu viria a saber que é o Douglas Utescher (SP) – editor do Ugra Press, quando ouço o Gazy chamar meu nome!!! Eu olhei desconfiado e o cara disse: é tu mesmo ai, vem pra cá. Bah! Logo eu que acabei de sair da caverna, chamado pro meio da multidão! Bom eu fui lá, na maior cara-de-pau, e só pude agradecer àqueles caras que me incentivaram a continuar desenhando.

Me senti motivado a criar meu primeiro zine: ZinAdão – Cidade do Sono, o qual eu fiz questão de lançar ali no 9º Mutação. Entreguei em mãos os exemplares do zine aos caras, em especial ao Henry Jaepelt (SC), que com uma humildade ímpar contribuiu com um quadrinho de duas páginas chamado Sono, o que me deixou ainda mais empolgado em lançar este zine, e ao Denilson Reis (RS) que escreveu um texto sobre esta motivação e que permitiu que eu fizesse uma ilustração do seu personagem Peryc. O original desta ilustração eu entreguei a ele no evento, pois pertence mais a ele do que a mim mesmo. E depois enviei alguns exemplares para outros fanzineiros de outros estados como o Juvêncio Veloso (Lady Garça - SP)e Valdir Ramos (Fatherzine - SP) e Márcio SNO (SP) procure o documentário Fanzineiros do Século Passado, em três partes, criado pele Márcio.
A palavra que me conquistou nesse tempo todo é: Colaboração. Acho que isso é o que dá sentido a publicação independente. Trocar ideias e informações com outras pessoas que gostam e se interessam pelo mesmo tipo de arte, seja o desenho, a literatura, música, poesia, etc.


Essa colaboração me atingiu durante o evento Mutação de 2013 recebi o convite do Marcos Freitas – editor do Quadritos (RS) – para desenhar um quadrinho. Depois do evento o Denilson e o Alex Doeppre – editores do Quadrante Sul Comics (RS) – também me convidaram para desenhar um quadrinho. E ainda fiz algumas ilustrações para os fanzines do Denilson, como o Floydzine (Pink Floyd) onde fiz uma mini HQ só com desenhos sobre o disco The Wall; Mosaico (zine do evento Mutação), Multiverso (com temas como Walking Dead para o qual fiz uma caricatura do personagem principal estourando os miolos de um zumbi; Mangá onde desenhei o lobo solitário, e para Super-Heróis fiz com cosplay da Turma da Mônica vestida de X-Man e chamei de X-MÔNica), você pode entrar em contato com ele para adquirir estes zines no TchêZine.

Nessa 60ª Feira do Livro também participei de dois concursos, nos quais passei com com duas poesias, o que me deixou muito feliz: Poemas no Ônibus e no Trem, que além do livro estará nos veículos rodando a cidade; e o livro Histórias de Trabalho, onde participo com um tautograma (veja o que é aqui).

Hoje sigo desenhando e fazendo parcerias com outros roteiristas, além de estar pensando no ZinAdão número 2 e criando outras HQs e poesias para concursos.

 Adão de Lima Jr
07/12/2014
ZinAdão
Tamanho A5, 12 páginas, PB.
  
Para adquirir o ZinAdão - Cidade do Sono
envie um e-mail para adaodelimajr@gmail.com