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terça-feira, 11 de novembro de 2008
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém: fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira.
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem.
Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar)
Agradecimento à Valéria de Olinda
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